Observando este blog alguém poderia perguntar, "porque tanta atenção à Síria?"

Simples:
- é o maior ataque físico contra a cristandade nos últimos tempos (incluindo o Iraque);
- é o maior risco de eclosão de uma nova guerra mundial (e de fato, com o planejado ataque dos EUA contra Síria, impedido pela Russia, os EUA mudaram de planos e agora desestabilizam diretamente a Ucrania, quintal da Rússia);
- é um dos últimos países que resistem contra uma nova ordem mundial sem Deus (http://nonpossumus-vcr.blogspot.com.br/2014/01/comentario-eleison-numero-cccxxxix-339.html );
- é notavelmente um dos pontos (junto agora com Ucrânia e Gaza) de maiores pecados contra o Oitavo Mandamento, por parte da maioria da mídia (pecado grave que coloca em risco a salvação de muitos jornalistas).
Nota - os textos em itálico acima foram incluídos em 15/8/14.


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

NATAL 2014

Foi uma estrela que nos indicou,
A nós pagãos, a vinda do Esperado.
Anjo aos pastores, e isso não bastou,
A quem já estava de antes avisado.

Ele porém fiel realizou
As condições  de Seu Divino lado,
Pois seu amor por nós nunca falhou.
Partindo de Belém, no programado.

Etapa por etapa foi cumprido.
E na medida em que Ele foi aceito,
Em que Ele foi amado e possuído,

O mundo transformou-se e foi refeito.
Mas Ele foi de novo repelido
E eis o mundo em chagas mil, desfeito.

http://fbmvm.blogspot.com.br/2014/12/natal-2014_64.html

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A Terceira Guerra é contra a Rússia


por Boaventura de Sousa Santos *

Washington provoca Moscou em três frentes, atiça possível conflito nuclear e ignora opinião da sociedade norte-americana. Em nome da “democracia”?

Tudo leva a crer que está em preparação a terceira guerra mundial. É uma guerra provocada unilateralmente pelos EUA com a cumplicidade ativa da UE. O seu alvo principal é a Rússia e, indiretamente, a China. O pretexto é a Ucrânia. Num raro momento de consenso entre os dois partidos, o Congresso dos EUA aprovou no passado dia 4 a Resolução 758, que autoriza o Presidente a adotar medidas mais agressivas de sanções e de isolamento da Rússia, a fornecer armas e outras ajudas ao governo da Ucrânia e a fortalecer a presença militar dos EUA nos países vizinhos da Rússia. A escalada da provocação da Rússia tem vários componentes que, no conjunto, constituem a segunda guerra fria. Nesta, ao contrário da primeira, assume-se agora a possibilidade de guerra total e, portanto, de guerra nuclear. Várias agências de segurança fazem planos já para o Day After de um confronto nuclear.
Os componentes da provocação ocidental são três: sanções para debilitar a Rússia; instalação de um governo satélite em Kiev; guerra de propaganda. As sanções são conhecidas, sendo a mais insidiosa a redução do preço do petróleo, que afeta de modo decisivo as exportações de petróleo da Rússia, uma das mais importantes fontes de financiamento do país. Esta redução trará o benefício adicional de criar sérias dificuldades a outros países considerados hostis (Venezuela e Irã). A redução é possível graças ao pacto celebrado entre os EUA e a Arábia Saudita, nos termos do qual os EUA protegem a família real (odiada na região) em troca da manutenção da economia dos petrodólares (transações mundiais de petróleo denominadas em dólares), sem os quais o dólar colapsa enquanto reserva internacional e, com ele, a economia dos EUA, o país com a maior e mais obviamente impagável dívida do mundo.

O segundo componente é controle total do governo da Ucrânia de modo a transformar este país num estado satélite. O respeitado jornalista Robert Parry (que denunciou o escândalo do Irã-contra) informa que a nova ministra das finanças da Ucrânia, Natalie Jaresko, é uma ex-funcionária do Departamento de Estado, cidadã dos EUA, que obteve cidadania ucraniana dias antes de assumir o cargo. Foi até agora presidente de várias empresas financiadas pelo governo norte-americano e criadas para atuar na Ucrânia. Agora compreende-se melhor a explosão, em Fevereiro passado, da secretária de estado norte-americana para os assuntos europeus, Victoria Nulland, “Fuck the EU”. O que ela quis dizer foi: “Raios! A Ucrânia é nossa. Pagámos para isso”. O terceiro componente é a guerra de propaganda. Os grandes media e seus jornalistas estão a ser pressionados para difundirem tudo o que legitima a provocação ocidental e ocultarem tudo o que a questione. Os mesmos jornalistas que, depois dos briefings nas embaixadas dos EUA e em Washington, encheram as páginas dos seus jornais com a mentira das armas de destruição massiva de Saddam Hussein, estão agora a enchê-las com a mentira da agressão da Rússia contra a Ucrânia. Peço aos leitores que imaginem o escândalo midiático que ocorreria se se soubesse que o Presidente da Síria acabara de nomear um ministro iraniano a quem dias antes concedera a nacionalidade síria. Ou que comparem o modo como foram noticiados e analisados os protestos em Kiev em Fevereiro passado e os protestos em Hong Kong das últimas semanas. Ou ainda que avaliem o relevo dado à declaração de Henri Kissinger de que é uma temeridade estar a provocar a Rússia. Outro grande jornalista, John Pilger, dizia recentemente que, se os jornalistas tivessem resistido à guerra de propaganda, talvez se tivesse evitado a guerra do Iraque em que morreram até ao fim da semana passada 1.455.590 iraquianos e 4801 soldados norte-americanos. Quantos ucranianos morrerão na guerra que está a ser preparada? E quantos não-ucranianos?

Estamos em democracia quando 67% dos norte-americanos são contra a entrega de armas à Ucrânia e 98% dos seus representantes votam a favor? Estamos em democracia na Europa quando uma discrepância semelhante ou maior separa os cidadãos dos seus governos e da Comissão da UE, ou quando o parlamento europeu segue nas suas rotinas enquanto a Europa está a ser preparada para ser o próximo teatro de guerra, e a Ucrânia, a próxima Líbia?

.oOo.

Boaventura de Sousa Santos é doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, diretor dos Centro de Estudos Sociais e do Centro de Documentação 25 de Abril, e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa 
http://www.marchaverde.com.br/2014/12/a-terceira-guerra-e-contra-russia.html

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Desgostosa e decepcionada, Rússia desiste oficialmente de todos os esforços de “diálogo” com o Império Anglo-Sionista

Amigos,

A íntegra do discurso do presidente Putin à Assembleia Federal da Rússia já está disponível online [aqui, em espanhol e outras línguas] e, como é texto muito longo, não o reproduzirei. Proponho-me aqui a chamar a atenção de todos para quatro trechos, reproduzidos verbatim daquele discurso, com algumas passagens chaves assinaladas em negrito.

A maior parte do discurso tratou de questões econômicas e internas, mas me parece que esses quatro pontos, especialmente as expressões que Putin escolheu, realmente “contam a história” da posição do Kremlin, hoje, vis-à-vis o ocidente. Vejam com os próprios olhos:

1) Crimeia é russa para sempre:

Foi evento de especial significação para o país e o povo, porque a Crimeia é onde vive nosso povo e a península tem importância estratégica para a Rússia como fonte espiritual do desenvolvimento de uma nação russa multifacetada mas sólida e de um estado russo centralizado. Na Crimeia, na cidade ancestral de Chersonesus ou Korsun, como se lê nos antigos cronistas russos, que o Grande Príncipe Vladimir foi batizado, antes de trazer o cristianismo para a Rus.

Além da similaridade étnica, língua comum, elementos comuns da cultura material, território comum, embora antes não houvesse fronteiras demarcadas, e nascentes economia e governo comuns, o cristrianismo foi poderosa força espiritual de unificação que ajudou a envolver várias tribos e uniões tribais do vasto mundo eslavo oriental na criação de uma nação russa e de um estado russo. Foi graças a essa unidade espiritual que nossos antepassados, pela primeira vez, e dali para sempre, viram-se, eles mesmos, como nação unida. Tudo isso nos autoriza a dizer que a Crimeia, antiga Korsun ou Chersonesus, e Sevastopol têm inestimável valor civilizacional, mesmo, sagrado, para a Rússia, como o Monte do Templo em Jerusalém para os seguidores do Islã e do Judaísmo. E assim será a Crimeia, para sempre, para nós.

2) Rússia jamais será colônia da União Europeia:

Quanto a isso, a Rússia já fez importante contribuição para ajudar a Ucrânia. Permitam-me reiterar que bancos russos já investiram cerca de US$ 25 bilhões na Ucrânia. Ano passado, o Ministro de Finanças da Rússia prorrogou empréstimo de mais US$ 3 bilhões. A Gazprom garantiu mais US$ 5,5 bilhões à Ucrânia e até ofereceu um desconto não solicitado, sob a condição de que o país pagasse US$ 4,5 bilhões. Somem tudo e chega-se ao total de US$ 32,5-33,5 bilhões mobilizados para ajudar a Ucrânia, só nos últimos tempos.

Claro: temos o direito de levantar perguntas. Para que serviu a tragédia ucraniana? Não teria sido possível acertar as diferenças, inclusive as disputas, pelo diálogo, no quadro de legalidade vigente e com legitimidade? Agora nos veem com conversa de que aquela seria política competente e equilibrada, com a qual teríamos de pactuar, sem perguntas, de olhos vendados.

Não acontecerá nunca. Se, para alguns países europeus o orgulho nacional é conceito há muito esquecido, e a soberania não passa de uma espécie de luxo, a verdadeira soberania é, para Rússia, absolutamente necessária para a sobrevivência.

3) O Império já era inimigo mortal da Rússia muito antes da Crimeia

Lembramos bem como e quem, quase abertamente, apoiou o separatismo naquele momento, e até o mais visível terrorismo na Rússia, obra de assassinos cujas mãos estavam manchadas de sangue, ninguém menos que rebeldes e as recepções de alto nível organizadas para eles. Aqueles “rebeldes” mostram a cara novamente na Chechênia. Não tenho dúvidas de que o pessoal local, as autoridades legais locais tomarão conta adequadamente deles. Agora, trabalham para eliminar mais uma ação terrorista. Nós os apoiamos.

Quero reiterar que não esquecemos a recepção de alto nível que receberam terroristas travestidos como combatentes da liberdade e da democracia. Naquele momento, percebemos que quanto mais espaço damos a eles e quanto mais desculpas criamos, mais nossos oponentes tornam-se ousados e mais agressivas e cínicas as infrações e crimes que cometem.

Apesar de nossa abertura de antes, sem precedentes, e de nossa disposição para cooperar em tudo, até nas questões mais sensíveis, apesar do fato de que consideramos – e todos os senhores e senhoras sabem disso e lembram disso – nossos ex-adversários como amigos próximos e até como aliados, o apoio externo ao separatismo na Rússia, inclusive informação, apoio político e financeiro e apoio e atenção fornecidos pelos serviços especiais – foi absolutamente óbvio e não deixou qualquer dúvida de que eles permitiriam com prazer que a Rússia seguisse o cenário iugoslavo de desintegração e desmembramento. Com as consequências mais trágicas para o povo da Rússia.

Não deu certo. Não permitimos que acontecesse.

Exatamente como não funcionou para Hitler, com suas ideias de ódio a povos, que estava decidido a destruir a Rússia e a nos empurrar para trás, para além dos Urais. Todos com certeza lembram como isso acabou.

4) Rússia não se deixará abusar

Ninguém jamais derrotará militarmente a Rússia. Temos exército moderno e pronto para combater. Como dizem agora, é exército “polido”, nem por isso, menos formidável. Nós temos a força, o desejo e a coragem para defender nossa liberdade.

Protegeremos a diversidade do mundo. Diremos a verdade aos povos do mundo, até que todos vejam a imagem real da Rússia, não a imagem falsa e distorcida. Ativamente promoveremos as relações comerciais e humanitárias, e as relações científicas, educacionais e culturais. Faremos precisamente isso sempre que qualquer governo tente impor uma nova cortina de ferro em torno da Rússia.

Jamais, em tempo algum, enveredaremos pela trilha do autoisolamento, da xenofobia, da suspeição e da criação de inimigos. Tudo isso é sinal de fraqueza. Os russos somos fortes e confiantes.

Minha opinião é que estamos assistindo a um grande evento de “dizer o que tem de ser dito”. Por inúmeras razões, Putin e o Ministro de Relações Exteriores Lavrov haviam decidido não falar nesses termos, antes, por vários meses. Aos poucos, vimos crescer e começar a manifestar-se uma forte impressão de profundo desgosto, de irritação profunda, de base, entre os russos. No discurso à Assembleia, afinal tudo isso foi trazido à tona.

Já é dolorosamente claro que a Rússia vê os EUA como ator desagradável, arrogante, fátuo, que a Rússia pode deter; e que a Rússia vê os governos no poder na União Europeia como colônias sem voz. Igualmente claro é que os russos estão fartos de tentar argumentar com “os ocidentais”, de tentar trazê-los à razão. Os norte-americanos são tolos e arrogantes demais; os europeus excessivamente sem vergonha ou espinha dorsal.

Diferente dos norte-americanos, os russos sempre falam com seus inimigos, e alguma forma de “conversa” com o ocidente continuará. Mas é completamente óbvio que o Kremlin abandonou qualquer esperança de alcançar alguma coisa mediante qualquer tipo de diálogo. Doravante, a Rússia dependerá, quase exclusivamente, de ações unilaterais. E dado que os russos nunca ameaçam, essas ações virão sempre com choque e surpresa para as plutocracias ocidentais.

Já disse e escrevi mil vezes: o Império Anglo-sionista declarou guerra real contra a Rússia– guerra na qual as forças militares são menos importantes que a guerra informacional, mas que nem por isso é guerra menos real. O que o Império talvez não perceba é que essa não será guerra curta: será guerra longa. E enquanto o Império já usou praticamente todas as suas armas, os russos apenas iniciaram suas operações defensivas. Será guerra longa e só terminará quando um dos lados quebrar, em colapso.

Em março desse ano escrevi um postado intitulado Obama piorou muito as coisas na Ucrânia – agora a Rússia está pronta para a guerraA Rússia não queria guerra, a guerra lhe foi imposta, num momento em que a Rússia não estava pronta. Pois hoje Putin disse ao mundo que a Rússia não se submeterá, que aceita o desafio e que vencerá.

http://noticia-final.blogspot.com.br/2014/12/desgostosa-e-decepcionada-russia.html